Rozane Monteiro
Ministro reclama com secretário de Estado americano por espionagem feita no BrasilRio - O encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, ontem em Brasília, esteve longe de ser cordial. Embora tenha tentado enfatizar o desejo de manter o Brasil como parceiro, inclusive na guerra contra o terrorismo, Kerry ouviu de Patriota um discurso contundente de crítica a atos de espionagem feitos pelos EUA no Brasil.
“Consideramos que os EUA não encontraram melhor parceiro no combate ao terrorismo (como o Brasil), na medida em que elas (as ações) sejam levadas a cabo de forma transparente. Quando são feitas de forma plenamente transparente fortalecem a confiança. Quando há falta de informação, isso pode enfraquecer a confiança. Caso não sejam resolvidas de modo satisfatório, corre-se o risco de haver uma sombra de desconfiança no nosso trabalho”, disse Patriota a jornalistas, ao lado de John Kerry.
‘COLETA DE INTELIGÊNCIA’
O secretário americano, por sua vez, usou o argumento que a diplomacia americana adotou desde o 11 de Setembro e chamou a espionagem em outros países de “coleta de inteligência”: “Vamos continuar tendo esse diálogo para ter certeza de que seu governo entenda perfeitamente e esteja de acordo com o que precisamos fazer para garantir a segurança não apenas para os norte-americanos, mas para brasileiros e para as pessoas no mundo.”
Mas o chanceler brasileiro manteve a queixa: “Esclarecimentos não são um fim em si mesmo. Ouvir esclarecimentos não significa aceitar o status quo. Precisamos descontinuar práticas atentatórias à soberania, às relações de confiança entre os estados.”
Depois da ‘bronca’ de Patriota, Kerry teve reunião com a presidenta Dilma Rousseff[...] e, ao menos nas fotos oficiais, foi aparentemente bem tratado.