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Giba: ‘Metade das medalhas eu divido com ela e 200 milhões de brasileiros'

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Ana Carla Gomes e Marta Esteves

Perto de voltar ao Brasil, ele fala sobre vida pessoal e carreira

Rio - O amor, a doutrina espírita e a terapia foram fundamentais para fazer o ponteiro Giba entender um dos momentos mais conturbados de sua vida: o tumultuado fim do casamento de 10 anos com a romena Cristina Pirv. Ao lado da atual mulher, Malu, de 32 anos, ele encontrou um novo amor. De forma carinhosa, um chama o outro de caramelo.

Dos livros de Chico Xavier e das lembranças do encontro com o médium, em 1998, ele conta ter tirado sabedoria para lidar com a saudade dos filhos e as batalhas que vem travando com Pirv. A terapia foi importante para estabelecer seu papel de pai de Nicoll, que faz neste domingo 9 anos, e Patrick, de 4. Para Taubaté, onde vai jogar, ele levará um boneco que pertence à filha.

Nesta entrevista ao O DIA, enquanto preparava a sua mudança do Rio para Taubaté, na sexta-feira, Giba diz ainda que não abre mão das três medalhas olímpicas (um ouro e duas pratas) que estão com Pirv.

O DIA: Você definiu o seu futuro só agora. Como encarou esse processo?

GIBA: Foi muito difícil. Antes, ou eu tinha um contrato muito longo ou eu tinha um contrato em que as coisas iam acontecendo já subsequentes ao fim do campeonato. No ano passado, quando a Sky acabou (com o patrocínio à Cimed) e meu patrocínio era diretamente ligado a eles, acabei indo para a Argentina. E ainda está um pé de guerra danado lá, com patrocinador, advogado e tudo mais, para resolver. Eles ficaram praticamente sete meses sem me pagar.

O DIA: O caso está na Justiça?

GIBA: Fui para a Justiça. Agora está saindo o contrato. A gente entrou num acordo do que eles me devem. Voltei para cá sabendo do que estava acontecendo, que o Vôlei Futuro iria acabar, que o São Bernardo corria o perigo de acabar, que Pindamonhangaba estava acabando e, graças a Deus, acabou mudando para Taubaté. Estava sabendo da dificuldade tanto daqui quanto da Itália e da Rússia. Então, passei para o outro lado, comecei a fechar palestras, a fechar camping nos Estados Unidos.

O DIA: você estava estudando?

GIBA: Marketing e gestão esportiva. Estava estudando sozinho. Mas quero estudar depois. É uma vontade. Fui capitão de 2008 a 2012, praticamente só quatro anos dos 20 que eu passei na Seleção. Eu já tinha uma gestão mais ou menos dentro do grupo. Eu discutia os prêmios diretamente com o Ary Graça (então presidente da CBV e hoje presidente da FIVB). Eu nunca me aborreci e foi sempre uma alegria. Eu gostava de fazer aquilo, de procurar índices financeiros. Quando você vai lidar com um cara que foi líder do mercado financeiro, você não pode chegar sem argumento.

O DIA: Você teme não ter como manter o padrão de vida?

GIBA: Não quero ser rico, ser milionário. Quero viver bem. Não preciso ter milhões para ser a pessoa que eu sempre fui e viver tranquilamente. Claro que uma hora ou outra você extravasa. Dentro da sua condição, se você puder, bem, se não puder, paciência.

O DIA: Em 2016, você quer estar envolvido com os Jogos?

GIBA: Gostaria muito, tenho contato com o Nuzman (Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB) e com o Marcus Vinícius (diretor executivo do COB). Tem uma vontade por ter quatro Olimpíadas nas costas e 20 anos de Seleção.

O DIA: Você pensa em jogar só mais uma temporada?

GIBA: Eu fiz dois anos de contrato. Na verdade, um mais um. Se eu quiser acabar a carreira em um ano, não tem problema nenhum, o clube aceita e quero continuar ajudando eles. Estou trabalhando com uma pessoa que tive o privilégio de ter como técnico e hoje tenho como dirigente (Ricardo Navajas).

O DIA: Você morou na Europa e em Buenos Aires. Como será viver em Taubaté?

GIBA: Nasci em Londrina, vim do interior. Cuneo (na Itália, onde jogou de 2003 a 2007) tinha 60 mil habitantes. Não terei dificuldades em Taubaté. Não tive em Cuneo. Eu jogava numa cidade de 60 mil habitantes e morava numa de 9 mil, que ficava a 20km de Cuneo. 

O DIA: Você vai ficar mais longe das crianças?

GIBA: Não, Taubaté fica a duas horas de Guarulhos. Eles estão em Curitiba. Não aceitei proposta de fora por isso.

O DIA: A Nicoll faz aniversário neste domingo. Você vai encontrá-la?

GIBA: Pela lei, o aniversário da Nicoll deste ano é com a Cristina. Mas eu poderia ficar na sexta, no sábado e tomar o café da manhã de domingo com ela. Mas a juíza negou que eu pegasse eles neste fim de semana. Após seis meses, a Cristina me ligou dois dias atrás para falar das crianças. Acabou entrando em muitas coisas, mas eu falei que em passado não se fala e os nossos filhos são o mais importante.

O DIA: No Dia dos Pais você esteve com eles?

GIBA: Estive, sim, a gente passou aqui. Estava até dando uma olhada nos álbuns. Em 95% das fotos as crianças estão no meu colo. Tem na piscina, brincando comigo. Até comentei: de onde ela tirou que eu não participava da vida dos meus filhos?

O DIA: Como está a sua cabeça?

GIBA: Eu fiquei até melhor na Argentina, não longe das crianças, mas depois que houve a separação, em novembro, por causa disso. A minha cabeça estava tão estressada com todas essas coisas que antes estava me prejudicando mais até do que hoje em dia.

O DIA: Pensou em fazer terapia?

GIBA: Fiz e me senti muito bem, principalmente porque eu fiz a terapia com a mesma terapeuta dos meus filhos. Eu tinha duas horas de terapia. Era uma hora para falar deles e uma hora para falar de mim. Isso me ajudou muito.

O DIA: Você tem religião?

GIBA: Sou batizado na Igreja Católica, mas sou espírita. Conheci Chico Xavier, li Alan Kardec. Também lembro de um livro, ‘Uma Farmácia para a Alma’, de Osho, em que o prefácio fala que, quando você é feliz, você tem uma coisa que a sociedade não tem. Então, você incomoda.

O DIA: Você se identifica mais com o kardecismo?

GIBA: Sim. Conheci o Chico Xavier em 1998. Estive em Uberaba (MG), fazendo uma reportagem num quadro do ídolo conhecendo o seu ídolo. Falaram que seria muito difícil, mas conseguiram. E o pessoal da rede local conseguiu um almoço na casa dele. Era dobradinha. Foi a última vez que eu comi dobradinha. Dobradinha com feijão branco. Foi excepcional.

O DIA: Você declarou que a Pirv queria metade do valor das medalhas olímpicas. Tem ideia do valor da medalha?

GIBA: São 180 dólares. O que eu falei foi o seguinte: eu divido com ela. Só que a gente vai fazer assim: metade é minha, porque fiz e ganhei. Mas a outra metade eu divido com ela e com 200 milhões brasileiros. Eu não posso dividir uma coisa que não foi só minha. Ela está pedindo metade da fortuna e por lei ela tem direito. Eu não falo mal dela. Ela me deu dois filhos maravilhosos, passei anos muito bons com ela. Todo mundo teve um passado. Que ela entenda que acabou, mas existem dois bens maiores, os nossos filhos.

O DIA: Ela alegou, através da advogada, que as medalhas estão à disposição...

GIBA: Nestes seis meses, quantas vezes eu peguei meus filhos e por que ela não mandou as medalhas por eles? As medalhas só apareceram quando ela recebeu a intimação. Até então elas estavam perdidas.

O DIA: A advogada dela disse que você não paga a pensão alimentícia desde maio. Como está essa situação?

GIBA: Eu pagava cerca de R$ 50 mil de pensão. Mas, quando eu parei de receber e fui perdendo os meus contratos, não tinha mais condições de pagar isso. Tive que recorrer as minhas reservas para continuar pagando. Agora, na minha nova realidade, ganhando bem menos, vou passar a pagar R$ 10 mil, mais plano de saúde, colégio e tevê a cabo. Vou ter o suficiente para estar bem, mas os meus filhos são o mais importante para mim. Após o contrato firmado com o Taubaté na quinta-feira, vou acertar tudo na segunda-feira.


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