O Dia
Desabastecimento em Cascadura produz mais uma fila: a de baldes atrás de águaRio - Um vazamento d’água em uma tubulação da Cedae, no subsolo da Avenida Ernani Cardoso, em Cascadura — identificado há duas semanas pela própria concessionária, tem feito com que ruas do bairro, historicamente atingidas pelo desabastecimento, tenham passado a conviver com cenário que remete às cidades do sertão nordestino, solapadas pela seca. A falta d’água castiga os moradores do bairro da Zona Norte do Rio há dois meses e produz, diariamente, uma fila de baldes em busca do precioso líquido.
Enquanto o conserto na tubulação não vem e a água não chega às torneiras, os boletos de cobrança da companhia não param de abastecer as caixas postais, o que aumenta a revolta dos moradores.
Segundo a Cedae, o reparo depende da interdição do tráfego, em pelo menos uma pista da via, e ainda não conta com uma data acertada com a CET-Rio. As duas empresas garantem que pretendem solucionar o problema o quanto antes.
RACIONAMENTO
“Meu maridosofre com problemas nos pés e tem que, diariamente, transportar baldes d’água para tomarmos banho com cerca de 2 litros, cada um. Temos um gasto médio semanal de R$ 70, com galões de água mineral, e de R$ 120 com carros-pipa, que são divididos pelos vizinhos”, contou Maria Lúcia de Azevedo, moradora da Rua Cajuru.
A vizinha Daiane Ferreira convive com uma situação ainda pior. Com uma filha de três meses, vive a agonia de trocar as fraldas da pequena Júlia várias vezes por dia e ter que poupar água. “Ela sofre com assaduras. Temo pela saúde dela. Que mãe pode dormir tranquila com um quadro desses?”, questiona emocionada.
Revisão de valores de contas altas
Motivo de revolta tão grande entre os moradores quanto a escassez de água só mesmo o valor cobrado nas contas. “O último boleto cobrava R$ 60 por um serviço que não foi prestado”, reclama Alfredo Lopes, que em 34 anos no bairro diz nunca ter visto situação parecida. Paulo César Oliveira, por sua vez, garante ter recebido contas com valores superiores a R$ 100.
A Cedae pede aos moradores que receberam os valores cobrados indevidamente que procurem as lojas da companhia e peçam a revisão dos valores.
Conserto até o fim da semana
A companhia informou que algumas ruas afetadas, como a João Romero e a Cajuru, são mais suscetíveis a problemas relacionados à pressão da rede, por ficar em pontos mais elevados do bairro. E espera resolver o caso. Quanto à demora na identificação do vazamento, a Cedae informou que a água estava escoando para uma galeria pluvial que também abastece a região e não aflorava. Por isso, não houve desperdício. A concessionária espera fazer o conserto até o fim da semana.