O Dia
Fernando Haddad defende cobrar R$ 0,50 de Cide na gasolina para reduzir tarifas em R$ 1,20Rio - Estudo preliminar da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentado nesta terça-feira, mostrou que a cobrança de R$ 0,50 da Cide (tributo dos combustíveis, que foi zerado em 2012) por litro de gasolina poderia ser usada para bancar uma redução das tarifas de transporte urbano de R$ 1,20. O trabalho foi apresentado em seminário promovido pela Rede Nossa São Paulo, em que o prefeito paulistano Fernando Haddad, também vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos, defendeu que a sociedade comece a discutir a taxação da gasolina para subsidiar o transporte público.
“Existia o temor de que a medida fosse inflacionária. Não é. Os números (do estudo)demonstram que o impacto é deflacionário. A tarifa (de transporte público) pesa mais nos índices de inflação do que o preço da gasolina”, explicou Haddad, que propõe a municipalização da Cide (que é federal) para se ter o subsídio.
Segundo a simulação da FGV, a medida geraria deflação de 0,026% e beneficiaria 78% da população, que são os que têm de um a 12 salários mínimos de renda mensal. Samuel Abreu Pessoa, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, que apresentou o estudo, reforçou, no entanto, que os números são preliminares e que não consideraram a elasticidade de demanda (alteração da demanda com a mudança nos preços).
O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Carlos Ribeiro de Carvalho considera justo que o usuário do carro particular financie parte das passagens. “Não é justo que o custo (do transporte público) recaia exclusivamente sobre as pessoas mais pobres (os usuários), porque toda a sociedade se beneficia dele. Além disso, o custo do transporte aumenta de 20% a 25% por causa dos congestionamentos, causados pelo crescente número de carros”.