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Paquistaneses tentam proibir que mulheres saiam sozinhas durante o Ramadã

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EFE

'Polícia informou que essa iniciativa é ilegal e que não pensa colocá-la em prática', disse autoridade local

Paquistão Líderes religiosos ultraconservadores da cidade de Karak, no noroeste do Paquistão, querem proibir que as mulheres saiam sozinhas nas ruas durante o Ramadã, mês sagrado para os mulçumanos. "Alguns mulás disseram nos sermes da sexta-feira que as mulheres devem ser proibidas de irem aos bazares sem a companhia de um parente homem", disse Abdul Wahid, responsável do Escritório do Comissário de Distrito de Karak.

Segundo publicou o jornal "The Nation", os líderes religiosos lamentaram os comportamentos "vulgares" que algumas mulheres teriam em espaços públicos e que isso estragaria o jejum, indicado pelos preceitos islâmicos durante o mês sagrado. Os mulás inclusive pediram aos comerciantes que se neguem a atender mulheres que chegarem sozinhas nos mercados.

"A polícia informou que essa iniciativa é ilegal e que não pensa colocá-la em prática", rebateu Wahid, contradizendo algumas informações e rumores que circularam neste fim de semana em diversos pontos do Paquistão. "Não posso aplicar essa indicação", disse ao jornal "Express Tribune" o chefe policial do distrito, Atiqulã Wazir, em referência à tentativa de proibir que as mulheres façam compras, o que é quase a única atividade pública delas na região. Wazir acrescentou que, caso haja preocupação com a segurança das mulheres de Karak, como afirmam os mulás, serão colocados mais policiais das forças de segurança.

No entanto, alguns policiais se mostram partidários da proibição. "A polícia tem que apoiá-la porque vai a favor da cultura local", disse um agente da polícia local que pediu para manter o anonimato. O distrito de Karak fica na província noroeste de Khyber Pakhtunkhwa, uma das regiões mais conservadoras do país asiático e dominada pelo partido religioso conservador Jamiat Ulemá-e-Islam (JUI-F).

O secretário de Informação do governo regional, Azmat Hanif, tentou hoje minimizar os fatos e afirmou que, segundo seus dados, os líderes locais "e alguns elementos do JUI-F" só estão preocupados com questões de segurança. "Não querem proibir que mulheres vão aos mercados, só estão inquietos porque durante o Ramadã chegam algumas mulheres forasteiras que mendigam e podem até cometer algum pequeno furto", defendeu o responsável governamental.

O mês sagrado do Ramadã, durante o qual os muçulmanos estão convocados ao jejum diário e à meditação religiosa, é uma época de exaltação dos valores islâmicos que no Paquistão fomenta as interpretações mais rigorosas dos setores conservadores.

Há um ano, também durante o Ramadã, um responsável policial do distrito de Lakki Marwat tentou impedir que as mulheres entrassem nos mercados locais sem estarem acompanhadas de um parente homem, lembrou o "Express Tribune". Nas eleições, realizadas em maio, uma assembleia de líderes tribais de Lakki Marwat decidiu proibir cerca de duas mil mulheres com direito a voto de compareceram às urnas na zona de Pahar Khel Thal. Nesta época do ano, os direitos das mulheres costumam sofrer várias violações nas regiões que predominam valores sociais ultraconservadores.


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