Patrícia Teixeira
Atriz vive no teatro uma senhora que fuma maconha e diz que sempre teve medo de experimentar a droga na vida realRio - Fafy Siqueira não é do tipo que economiza palavras. Fala da vida como se tivesse batendo um papo no botequim, sem rodeios. Em cartaz no Teatro Oi Casagrande com o espetáculo ‘Se Eu Fosse Você, o Musical’, do diretor Alonso Barros, a atriz acredita que ela seja uma das únicas opções quando se trata de alguém da terceira idade que possui diversas habilidades em cima de um palco.
Fafy Siqueira está em cartaz no espetáculo ‘Se Eu Fosse Você%2C o Musical’
Foto: João Laet / Agência O Dia
“Existem poucas senhoras que saibam dançar, cantar e representar ao mesmo tempo. Eu tenho 60 anos, mas esse papel do musical seria para uma mulher de 75 anos. Hoje, só a Marília Pera e a Sueli Franco também poderiam fazer um musical, mas acredito que elas queiram só papéis de protagonistas. Eu não. Eu não tenho problema de fazer participações. Ganho a mesma coisa e trabalho menos”, diz ela, aos risos. “Brinco dizendo que me convidaram por falta de opção”, diverte-se.
Na adaptação teatral dos filmes ‘Se Eu Fosse Você 1 e 2’, Fafy interpreta Vivinha, sogra de Claudio (Nelson Freitas), mãe de Helena (Claudia Netto) e avó de Bia (Lua Blanco), personagem que foi de Glória Menezes no cinema. Fazendo a linha sogra implicante e vovó descolada, Vivinha adora comemorar as boas notícias da família fumando um baseado. Bem diferente de Fafy, que afirma nunca ter fumado maconha. “A Vivinha é uma ex-hippie, foi a Woodstock, é defensora da liberação da maconha. Eu nunca usei drogas. Sou tijucana. Sempre fui muito medrosa, criada num colégio de freiras. Nunca fui rebelde, mas sempre andei com as meninas que a madre falava para a gente não andar”, confessa a atriz.
“Adoraria andar com a Rita Lee, por exemplo, ser da turminha dela. Ela diz que fazia xixi nos tênis das meninas. Eu era uma cagona, aliás, sou até hoje. Nunca tive coragem de tomar Daime e tenho vários amigos que tomavam. Por isso, adorei quando falaram que eu era uma velha maconheira no musical, porque foge do estilo físico da personagem, sabe? Ela tem um estilo meio Constanza Pascolato. Ninguém imagina a Constanza Pascolato fumando maconha, né?”, diz, às gargalhadas. Já o figurino e a peruca, que a atriz usa em cena, são inspirados na personagem Miranda (Meryl Streep), do filme ‘O Diabo Veste Prada’.
Acima do seu peso ideal, como ela mesma faz questão de dizer, Fafy não perde o fôlego depois de cantar e dançar por quase duas horas de espetáculo. “Tenho bastante disposição. Não sei se é porque não fumo, não bebo. Estou até gordinha atualmente, porque tive que fazer a novela ‘Sangue Bom’. Mas sempre mantive meu peso, sempre me cuidei, me preparei, tenho boa alimentação. Como diz Susana Vieira: ‘É o DNA’”, acredita ela, que canta canções de Rita Lee na produção. “As músicas dela todo mundo sabe. Rita Lee é o maior ídolo que tenho na vida, sou fã dela desde os 16 anos. Para mim, ela é os quatro beatles juntos. Só Nossa Senhora é mais do que ela.”
DE MALAS E CUIA NO RIO
De mudança de São Paulo para o Rio de Janeiro, Fafy acha graça quando lembra que tentou comprar um apartamento na cidade, sem sucesso. “Tenho meu apartamento em São Paulo, mas, agora, estou voltando para o Rio de novo. Cheguei com R$ 600 mil para comprar um imóvel em Ipanema e riram de mim. Está tudo muito doido. Aí, acabei alugando mesmo”, explica.
Os projetos pós-musical da atriz também já estão em andamento. Fafy conta que terá um programa no canal fechado com Dani Valente, chamado ‘Panela Velha que faz Comida Boa’, e que também comprou os direitos da peça ‘A Menopausa’, junto com Cássio Reis, que deve estrear em 2015. Além disso, ela pretende fazer novos shows. “Tenho pretensão de fazer um show cantando as músicas da Marina Lima. As pessoas não cantam muito as canções dela porque ela é muito sofisticada”, justifica.