O Dia
Vice-presidente da Câmara é alvo de denúncias de ligação com doleiro presoBrasília - O vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), pediu, ontem, licença não remunerada de 60 dias para “tratar de interesses particulares”. O parlamentar tem sido alvo de denúncias e pedidos de investigação sobre sua possível ligação com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato, deflagrada em março pela Polícia Federal. O órgão investiga desvio de dinheiro em contratos na área de saúde.
Nas últimas semanas, reportagens mostraram a ligação entre o político e o doleiro. O jornal ‘Folha de S. Paulo’ informou que Vargas teria usado um avião fretado por Youssef para uma viagem de férias à Paraíba. No último fim de semana, a revista ‘Veja’ divulgou mensagens interceptadas pela PF em que Vargas teria prometido ajudar Youssef a fechar um contrato com o Ministério da Saúde.
Em nota, o deputado informou que é alvo de “massacre midiático” e que “segue à disposição dos órgãos competentes para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários”. Durante o período da licença, o cargo de 1º vice-presidente da Câmara ficará vago.
Ontem, o presidente da Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), encaminhou à corregedoria um pedido de investigação por quebra de decoro feito pelo Psol. Se aprovado, o parecer será enviado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara.
A Mesa Diretora encaminhou ao Conselho de Ética representação feita pelos partidos PSDB, DEM e PPS, também por quebra de decoro. Um relator será sorteado e dará parecer sobre abertura do processo.
STF decide se abre inquérito para investigar parlamentar
A Justiça Federal do Paraná determinou ontem que parte da investigação da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, seja enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF). Depois de analisar os documentos, a Corte decidirá se autoriza a abertura de inquérito contra o deputado André Vargas (PT-PR), suspeito de ligação com o doleiro Alberto Youssef.
O juiz Sérgio Fernando Moro deu prazo de dez dias para que a PF remeta ao Supremo os fatos que envolvem o deputado na investigação. Para o magistrado, há “elementos probatórios” que apontam para a relações entre os dois.
“Constato que entre os diversos fatos investigados foram colhidos, em verdadeiro fortuito de provas, elementos probatórios que apontam para relação entre Alberto Youssef e André Vargas, deputado federal”, relatou o juiz.
Morro ressalta, no entanto, que é prematuro afirmar que a ligação dos dois tem caráter criminoso. Youssef está preso em Curitiba desde o dia 17 de março.
A Operação Lava Jato foi desencadeada pela PF em 17 de fevereiro, para acabar com esquema de lavagem de dinheiro. Foram cumpridos 24 mandados de prisão, entre eles o do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Cerca de 400 policiais participaram da operação.