O Dia
Com calor acima do normal, distribuidores não conseguem atender à demanda dos clientesRio - As altas temperaturas do verão têm deixado clientes das distribuidoras de água mineral sem receber o produto. Com a falha no abastecimento em vários estabelecimentos da cidade, quem pede um galão pelo telefone acaba ficando na espera. O problema </DC>está na entrega por parte dos fornecedores. Segundo comerciantes do Centro do Rio, a procura aumenta a cada dia de forte calor.
Dono do estabelecimento Rei Comércio, na Lapa, Igor Souza, de 34 anos, está passando por esse incômodo. “A fábrica não entrega o suficiente, ficamos devendo aos nossos clientes, já que não temos galões para suprir a demanda”, relata.
De acordo com o comerciante, desde o início do verão, faltam cerca de 20 galões para que ele possa atender à procura semanal. Segundo ele, o fornecedor envia 50 galões a cada sete dias, mas a demanda é de 12 vasilhames diários, num total de 84 por semana. “Antes, os clientes pediam um galão por dia, hoje pedem dois”, afirma.
Cláudia de Souza, comerciante do ramo, também reclama da falta de água mineral. “Está surreal, não conseguimos cobrir tantos pedidos”, afirma. Segundo ela, a fábrica entrega cerca de 140 galões por semana na loja, mas os pedidos estão acima de 30 por dia. “Estamos atrasados e perdendo até clientes antigos”, diz.
Ela acrescenta que o problema se repete todo ano. “Todo verão é a mesma coisa, a demanda sobe e as fábricas nunca conseguem suprir os nossos pedidos”, comenta.
Mesmo assim, os comerciantes garantem que o preço não vai subir. Betânia Souza, funcionária da Império das Água, no Caju, afirma que o valor não aumentou nem na fábrica, nem na distribuidora. O galão custa de R$ 8 a R$ 10, conforme a marca. “Não tem como aumentar, já estamos atrasados e se subir vamos perder mais clientes”, garante.
Já a Bonafont informou, por meio de seu serviço de atendimento ao consumidor, que alguns pontos de venda não foram abastecidos devido a um período de manutenção, mas seriam problemas pontuais em algumas regiões.
A assessoria de imprensa da Nestlé comunicou, em nota, que a distribuição de água está normal e garantiu que a marca está preparada para atender o consumo no verão. “Todo o planejamento anual já considera o aumento de demanda que ocorre nesta época no ano”.
Com 400 marcas, o mercado de água engarrafada produziu 11 bilhões de litros no ano passado, segundo Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral. Em 2014, a entidade espera crescimento de 35% nas vendas.
Calor alto será mais comum
O calor registrado no fim de 2013 e no começo de 2014 pode ser mais frequente caso o país não consiga reduzir o impacto do aquecimento global no meio ambiente, segundo o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre.
“Um fenômeno extremo isolado não permite que alguém imediatamente aponte o dedo e diga que é culpa do aquecimento global”, disse.
Entretanto, ele explica que “há 100 anos, esse calor extremo acontecia a cada dez ou 20 anos. Com o aquecimento da Terra, vamos viver isso com mais frequência, e daqui a 100 anos, esse vai ser o clima do dia a dia”, explica. Como a mudança no clima já se tornou inevitável, para Nobre seria irresponsabilidade da sociedade não cuidar de adaptação às mudanças.
“Nossa lição de casa básica é tornar as sociedades e o meio ambiente com mais condições de se adaptarem”, afirma.