Christina Nascimento
Prédio terá salão para danças, cinema, estúdios, salas para cursos profissionalizantes, espaço para exposições permanentes e lojasRio - Ritmo precursor do samba, o jongo vai ganhar nova sede no Morro da Serrinha, em Madureira. Será um imóvel de dois andares, com cerca de 1,7 mil metros quadrados, adquirido pela prefeitura e que vai passar por reformas. O projeto para adequar o prédio para as necessidades da Associação Cultural Jongo da Serrinha foi licitado nesta semana. O valor do investimento dos cofres públicos será de R$ 1.733.017.
A luta da associação para conseguir um lugar vem desde 2009, quando o imóvel onde o grupo se reunia, no alto do Morro da Serrinha, foi destruído durante uma operação policial. Sem lugar, a organização conseguiu comprar uma casa, também na comunidade, para continuar realizando suas atividades.
Projeção mostra como ficará a Casa do Jongo%2C no Morro da Serrinha%3A Prefeitura do Rio adquiriu o imóvel
Foto: Reprodução
No novo espaço, que originalmente era uma gráfica construída nos anos 60, haverá um salão para danças, auditório com cinema, estúdios, salas para cursos profissionalizantes e artes, espaço para exposições permanentes, lojas, refeitório e salas administrativas. “Como representante da cultura afro-brasileira, o local vai oferecer ambiente para rezas e terreiro para jongo e capoeira”, explicou a RioUrbe, em nota.
A nova Casa do Jongo está localizada em área de fácil acesso, ao lado da Escola Municipal República Dominicana. A expectativa é que a reforma seja concluída no final do segundo semestre. Para a coordenadora da Associação Cultural Jongo da Serrinha, Dione Boy, a unidade adquirida pelo município vai permitir que o grupo ofereça melhor atendimento ao público. “O morro tem problemas de infraestrutura. A internet a cabo não funciona direito, por exemplo” , afirmou ela, que disse ainda que não sabe o que será feito com a atual sede da organização social.
O jongo é um ritmo trazido da África pelos escravos bantus durante o século 19 e influenciou na criação do que conhecemos como Samba. São utilizados tambores, chamados de Caxambus, e o urucungo, um ancestral do berimbau usado na capoeira nos dias de hoje.
O sonho de manter viva a origem afro
Criado pelo mestre Darcy Monteiro, o grupo Jongo da Serrinha nasceu com um objetivo simples, mas importante : manter viva a cultura da dança de origem africana. Com a ajuda sua mãe, Maria Joana Rezadeira, ele criou um grupo musical e levou a prática para o conhecimento de crianças e jovens. Desta iniciativa, surgiu um projeto socioeducativo, que deu origem, em 2000, à Associação Grupo Cultural Jongo da Serrinha e, em 2001, ao projeto Escola de Jongo.