Rafael Arantes
Escola acredita que processo de captação de recursos pela Internet possa manter balanço positivo entre desfiles e projetos sociaisRio - A Mangueira revelou nesta terça-feira o maior segredo de sua nova gestão. A diretoria de Chiquinho da Mangueira lançou um projeto de captação de recursos através de uma plataforma virtual, sem valores ou frequência pré-definidas. O Objetivo da escola é de financiar o Carnaval e os projetos sociais existentes. "Patrocinador Apaixonado" é o nome do projeto lançado junto à empresa Um a Mais, do cineasta Antonio de Andrade e da engenheira de produção Mariana Spinelli.
Em entrevista coletiva no barracão da Verde e Rosa, o presidente marcou presença junto com sua equipe para explicar a estrutura do "maior patrocínio da história do Carnaval", onde a agremiação confia na força de seus torcedores e admiradores para colaborar financeiramente com a escola. Segundo ele, a ideia não é jogar a subvenção disponibilizada tradicionalmente.
Mangueira aposta em financiamento coletivo como seu novo patrocínio
Foto: Fernando Azevedo / Divulgação
"Nós não queremos nem podemos abrir mão da subvenção da Liesa e dos órgãos públicos. Este é um projeto que vai acrescentar um algo a mais, um detalhe a mais. Nós acreditamos na força da nossa torcida, acreditamos no potencial dos mangueirenses. Fizemos uma pesquisa e vimos que temos mais de 30 milhões de pessoas que amam a nossa escola e são essas pessoas que podem e vão nos ajudar de alguma maneira. Este é um tipo de patrocínio diferenciado, inovador, mas que confiamos em ser um grande sucesso", disse Chiquinho, que explicou como vai funcionar a questão do novo patrocínio.
"É um projeto aberto para pessoas físicas e jurídicas. Não há valor determinado, não há obrigatoriedade. Colabora quem puder e da maneira que puder. Nós assumimos a Mangueira numa condição muito precária. Quadra e barracão estavam impraticáveis. Desde então começamos a reconstruir a nossa escola. É isso que nós queremos. Vamos trabalhar de uma maneira transparente e de seis em seis meses divulgaremos um balanço com todos os recursos captados e investidos neste projeto", comentou.
O novo patrocínio mangueirense é o primeiro do modelo no cenário carnavalesco. De acordo com a diretoria, 4% dos recursos captados ficarão retidos em razão de impostos. A ideia inicial é que a escola possa usufruir do novo projeto já para o desfile deste ano, mas o presidente garante que não é uma questão de necessidade que fez o projeto ser lançado.
"Isso é um algo a mais. Garanto para vocês que a Mangueira estará com o Carnaval pronto a sete dias do desfile. Este é um projeto que vai mais além do que o imediato, sabemos dos riscos e acreditamos em sua propagação. Nós temos uma nação, a Mangueira é um país e assim vamos mostrar a nossa força. Da mesma maneira que aconteceu na década de 90, estamos com um novo patrocínio, mas agora de uma maneira inovadora", disse.
Presidente marcou presença junto com sua equipe para explicar a estrutura do 'maior patrocínio da história do Carnaval'
Foto: Fernando Azevedo / Divulgação
Com o projeto lançado, os contribuintes poderão "patrocinar" a escola com qualquer quantia. O processo acontece totalmente de maneira virtual e foi possibilitado através de uma parceria com a Cielo. Cada tipo de colaboração (variando de acordo com o valor) dará aos contribuintes uma espécie de contrapartida. Diplomas, camisas e até entradas para o camarote oficial da Verde e Rosa nos dias de desfile serão disponibilizados para certos modelos de patrocinadores. A expectativa da Mangueira é ver o projeto se manter e conseguir estreitar ainda mais a relação com seus torcedores.
"A nossa expectativa é a melhor possível, mesmo optando por não falarmos de valores agora. Sabemos que existe um grande potencial nisso tudo e confiamos que tudo correrá da melhor maneira possível. Temos uma grande massa de mangueirenses apaixonados e agora eles estarão ainda mais perto da gente, do nosso trabalho. Assim eles vão se fazer mais presentes, vão cobrar e acompanhar ainda mais todo o nosso cronograma de trabalho", finalizou.
Quando assumiu a Mangueira, o presidente Chiquinho se deparou com uma dívida de cerca de R$ 12 milhões e a dificuldade de obter as certidões negativas que possibilitariam a escola de fechar grandes patrocínios. A nova campanha é a grande aposta da gestão para produzir um maior banco de recursos financeiros, mas não terá seus fundos direcionados para as dívidas existentes na agremiação.