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Aristóteles Drummond: Catolicismo para iniciantes

O Dia

A questão do celibato e das atribuições das mulheres só podem ser alteradas em Concílio

Rio - Quem não é católico apenas da boca para fora, mas, além da fé, tem o mínimo de conhecimento da história da Igreja, acha graça nessas especulações sobre as palavras do Papa Francisco. Muito criativas, mas fora da realidade.

Em primeiro lugar, cabe lembrar que a Igreja não é uma assembleia de clube, sindicato e muito menos entidade que estimula debates sobre o que deve ou não fazer, o que está certo ou errado no Código Canônico, e muito menos na Bíblia. A Igreja é autocrática e exige a obediência papal e a aceitação de sua infalibilidade. Papa não pode, não deve e nem vai alterar questões em debates no mundo moderno, como o casamento de pessoas do mesmo sexo.

O que não o impede, nem aos católicos, de acolher e conviver com estas pessoas fraternalmente. Muito menos abrir para o divórcio, quando o casamento é um sacramento. A questão do celibato e das atribuições das mulheres só podem ser alteradas em Concílio. Improváveis, é claro, no curto prazo.

No entanto, discreta e silenciosamente, a Igreja tem sido mais aberta nos processos de anulação de casamentos, em todo o mundo. E o acolhimento a casais divorciados é quase integral. Apenas a comunhão é vedada, assim como a condição de madrinha ou padrinho não ser recomendada, mas a presença nas missas é bem recebida, assim como em todos os movimentos da instituição.

Outro dia, ouvi de importante prelado a observação de não conseguir entender o que motiva tantos não católicos a se envolverem e opinarem sobre temas que não lhes dizem respeito. Quem não é católico praticante não deve se preocupar com o que a Igreja prega neste ou naquele assunto. Quem torce pelo Vasco pode discutir a escalação de seu time e não querar influir nas táticas usadas pelo Flamengo ou Fluminense. E ele tem toda a razão. Temas relativos à Igreja pertence a seus fiéis e devem ser respeitadas a autodeterminação e a liberdade de pensamento. Ninguém é obrigado a ser católico.

O Estado é separado da Igreja desde antes a II Guerra, aqui e no resto do mundo. Prova está que o Congresso aprovou o divórcio e o presidente Ernesto Geisel, que era luterano, sancionou sem problemas.

Papa Francisco não é de direita nem de esquerda, não defende o capitalismo nem o socialismo; ele é Papa. E ponto final! Cada religião tem suas regras, tradições e devem de ser respeitadas.

Aristóteles Drummond é jornalista


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