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Ataque a base da ONU deixa 22 mortos no Sudão do Sul

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O Dia

Dois eram soldados de missão de paz. Outros vinte, refugiados de conflitos étnicos

Sudão do Sul - Dois soldados da Missão de Paz da ONU no Sudão do Sul e vinte civis que se refugiavam da violência no país africano foram mortos num ataque a uma base da organização na cidade de Akobo. O complexo foi cercado e invadido por jovens da etnia nuer, dominante entre os dissidentes do governo do presidente Salva Kiir, da etnia dinka, a maior do país.

A invasão foi na quinta-feira, mas somente ontem o número de vítimas foi divulgado. Desde o fim de semana passado, já houve 500 mortes em decorrência dos conflitos entre os dois grupos, iniciados dia 15. Na ocasião, soldados leais a Riak Machar — ex-vice-presidente do país — teriam atacado uma base do Exército nos arredores da capital, Juba. Machar foi acusado de tentar um golpe de estado contra Kiir, mas negou. Os sinais de tensão dentro do partido governista vieram a público em julho, quando o presidente demitiu seu vice.

Estima-se que 34 mil pessoas se refugiaram em complexos da ONU para tentar escapar da violência no Sudão do Sul, país mais novo do mundo, que conquistou sua independência em 2011. Antes disso, a área viveu sacudida durante 22 anos por uma guerra civil, que deixou um milhão de mortos.

Milhares de civis tentam desesperadamente se abrigar em outra base da ONU%2C na cidade de Bor%2C que esta semana foi tomada por opositores ao governo do presidente Kiir

Milhares de civis tentam desesperadamente se abrigar em outra base da ONU%2C na cidade de Bor%2C que esta semana foi tomada por opositores ao governo do presidente Kiir

Foto: Reuters

Ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, advertiu: “O Sudão do Sul está no precipício. Recentes combates ameaçam mergulhar o país nos dias sombrios de seu passado.” Um dos agravantes em caso de piora no conflito é o fato de o país estar repleto de armas, após décadas de guerra.

O Sudão do Sul, apesar de rico em petróleo, é uma das regiões menos desenvolvidas do mundo. Há poucas estradas de asfalto e apenas 15% da população têm celulares, por exemplo. A principal preocupação do governo tem sido a de manter a grande produção de petróleo, que estava parada desde a independência e só foi retomada em abril. Machar critica Kiir por não ter cumprido promessa de combater a corrupção após a independência.

Esta semana, rebeldes conseguiram assumir a importante cidade de Bor, que foi cenário de um massacre étnico em 1991. Estados Unidos e Reino Unido já enviaram aeronaves para a retirada de pessoal não essencial das embaixadas no Sudão do Sul e seus cidadãos que manifestaram interesse em deixar o país.

Ontem, o presidente Kiir comprometeu-se a manter um “diálogo sem condições” com seu adversário, para tentar frear os confrontos. Segundo o presidente do Conselho de Segurança da ONU, Gérard Araud, Kiir disse estar disposto a dialogar com os ministros africanos enviados à cidade de Juba pela União Africana.


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