Henrique Moraes
No entanto, profissionais dizem que instabilidade financeira ainda é um entraveCom 17 anos de carreira%2C Miguel Nader produz grande parte de seus trabalhos
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Rio - Ressurgimento do cinema brasileiro, grandes produções teatrais, principalmente musicais, e a internet como mais um canal de oportunidades para a carreira. Este é o atual cenário do mercado de trabalho para a classe artística. Apesar do aquecimento do setor, a falta de estabilidade financeira, o número ainda pequeno de patrocínio cultural e a quantidade insuficiente de teatros no Estado do Rio para a alta demanda de produções de peças ainda são entraves para o crescimento da área.
“Temos muitos teatros públicos fechados a espera de reforma. O poder público deixa muito a desejar no que se refere à Cultura”, atesta Jorge Coutinho, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro (Sated-RJ).
Para driblar a instabilidade, Coutinho diz que um caminho é abrir outras frentes de trabalho dentro da mesma área. “Há atores de teatro que também são cenógrafos, iluminadores ou operadores de som. Assim, eles abrem o leque de oportunidades e evitam ficar sem trabalho”, conta o presidente.
Planejamento
Especialista em carreiras e professora do Ibmec-RJ, Janaina Ferreira dá dicas de como o artista deve lidar com a instabilidade da profissão. Segundo ela a palavra chave é planejar.
“Pessoas que sem uma renda fixa por mês, como o artista, precisam ter muita disciplina financeira. Também é necessário fazer um cálculo médio dos gastos anuais para se ter a uma ideia de quanto vai precisar ter por mês para se manter”, orienta.
Janaina aconselha o artista a ter uma reserva equivalente a três meses de despesas fixas mensais. “É uma margem de segurança necessária”, adverte.
O ator Miguel Nader, de 38 anos, que tem 17 anos de carreira, 15 filmes no currículo e participações em peças teatrais, novelas e propagandas humorísticas na TV, diz que para driblar a instabilidade financeira produz ele mesmo muitos de seus trabalhos.
“Quando produzimos, deixamos de ficar esperando convites e ainda passamos a ser os empregadores. Ou seja, além de se empregar geramos empregos”, analisa.
Atriz, autora e diretora teatral, Andrea Terra, 40, tem 24 anos de carreira. Ela aponta outras oportunidades no meio. Além do trabalho em telenovelas e peças de teatro, há os comerciais, peças para empresas, o segmento de internet, que cresce de maneira impressionante, e o circuito de festivais que também pode dar retorno tanto financeiro quanto de visibilidade”, avalia a atriz.
Produtora, diretora e atriz, Andréa Gaspar, de 39, destaca a ascensão das produções para a internet. “As web-séries estão ganhando muita visibilidade e atraindo patrocínio. Acho que é um caminho. Uma porta que se abre, mas ainda falta um pouco de regulamentação para trazer ganhos efetivos para o ator”, comenta.
“O ator brasileiro precisa aprender que ele tem que ser polivalente. Tem que cantar, dançar e atuar”, orienta o ator, bailarino e dublador Leo Araújo, 25.