O Dia
Nossos bolsos já esvaziados terão que encontrar mais recursos tirados de não se sabe onde para saciar as demandasRio - Em tempos de alta do dólar, penso como, na prática, isso vai refletir em nossas vidas. É assustador. Nossos bolsos já esvaziados terão que encontrar mais recursos tirados de não se sabe onde para saciar as demandas da economia. A inflação nebulosa avança discreta, comendo pelas beiradas, consumindo nossos ganhos. Parece até castigo pós-reivindicações das passeatas.
Não há descanso, o governo nos responde com chumbo grosso. Fica sempre uma enorme curiosidade para nós, leigos. Quem verdadeiramente faz aumentar o dólar? Quem é essa pessoa? Quem acorda e acorda com alguém, num dado dia, e diz: “Hoje o dólar passa a valer tanto”? Parece boato que se propaga e vira verdade. Bom, sempre se diz que há especulação. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fala em “volatilidade no câmbio” e perdas para quem especula com a moeda.
Essa é a velha estratégia para aumentos em cadeia. Aumentou o dólar, tem que aumentar a gasolina. Aumentando a gasolina, aumenta tudo! Antigo pensamento e vivência do brasileiro que sempre teve sua economia baseada no valor e no desvalor da moeda americana. Ela, sempre ela, a verdinha cobiçada há anos.
Por que diabos teremos que viver sempre à sombra de uma moeda e da economia de um país sem lastro? As explicações são as mais variadas. Exportadores ficam sem preço compatível com outros produtores. Com a balança econômica desestabilizada, toda justificativa esclarece, mas não resolve o aumento em cadeia que segue ao dólar valorizado e o prejuízo no bolso do povo.
Quanto vale realmente essa moeda verde? Vale quanto pesa? Não pesa, e por aí, não vale! Vale quanto querem as especulações? Tudo indica que sim. O que se vê são aqueles longos períodos de baixa do dólar em que os especuladores enchem seus bolsos para tão somente os esvaziarem nas altas inventadas.
Tempo de comprar, tempo de vender e lucrar. Será essa a verdade dessa valorização? Sem resposta para essas perguntas, falo de respostas simples, não as em ‘economês’; essas, são como o inglês e o francês... Nem todo mundo fala, mas pode entender, em especial, quando é xingado!
Fernando Scarpa é psicanalista